São Paulo — Pesquisadores do CERN, o maior laboratório científico do mundo, divulgaram, ontem, que estão mais perto de comprovar a existência do bóson de Higgs, uma das partículas fundamentais que compõem a matéria. Pelo seu papel na constituição do universo, o bóson de Higgs vem sendo chamado de partícula de Deus.
Dois grupos realizam experimentos com esse objetivo no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o gigantesco acelerador de partículas instalado na fronteira entre Suíça e França ao custo de 8 bilhões de dólares. Eles são identificados pelos nomes dos respectivos detectores de partículas – Atlas e CMS.
Ontem, esses dois times divulgaram resultados muito parecidos, obtidos de forma independente. Eles determinaram a faixa de energia em que os detectores passarão a concentrar a busca, descartando outras em que não foram encontrados sinais da existência do bóson. Confira quatro fatos sobre a partícula divina.
1 O ano é 2012
Há poucas dúvidas de que os cientistas que trabalham no LHC vão chegar a alguma conclusão sobre o bóson de Higgs em 2012. Isso não aconteceu ainda porque é preciso acumular grande volume de dados dos detectores. O volume vai permitir ter certeza de que os sinais captados não são resultado de simples flutuação estatística.
“Se o acelerador de partículas continuar funcionando bem como funcionou neste ano, teremos um resultado até o final de 2012. Não há muitas dúvidas sobre isso”, diz Sérgio Novaes, professor da Unesp e membro da colaboração brasileira com o detector CMS – um dos experimentos que buscam o bóson no LHC.
2 É tão importante quanto o DNA
Cientistas do CERN vêm dizendo que a comprovação da existência do bóson de Higgs é tão importante quanto a descoberta do DNA, 60 anos atrás. Essa afirmação pode parecer exagerada, mas o fato é que a incerteza sobre a existência da partícula cria um impasse. Resolvê-lo é fundamental para que a ciência continue avançando.
O bóson de Higgs foi previsto teoricamente há quase 50 anos. Com ele, foi possível completar o chamado Modelo Geral, teoria que explica os componentes fundamentais do universo. Todas as outras partículas subatômicas que haviam sido previstas teoricamente já foram detectadas em experimentos. Só falta o bóson de Higgs.
Se os experimentos comprovarem que a teoria está correta, outros estudos científicos poderão se apoiar nela, prosseguindo com a busca de conhecimento sobre o universo. Se, ao contrário, nenhuma evidência conclusiva da existência do bóson de Higgs for encontrada, os físicos terão de repensar a teoria e os estudos tomarão outro rumo.
3 Peter Higgs não foi o único a prevê-lo
O inglês Peter Higgs levou a fama. E de fato, ele foi um dos principais responsáveis pela inclusão da partícula que leva seu nome no Modelo Geral. Mas, além dele, dois outros grupos de cientistas chegaram a conclusões parecidas. Os três times publicaram seus trabalhos quase ao mesmo tempo, em 1964.
Os outros “pais” da partícula divina são os belgas François Englert e Robert Brout; e o trio Gerald Guralnik, C. R. Hagen (ambos americanos) e Tom Kibble (um inglês nascido na Índia). Além disso, Higgs apoiou-se no trabalho do físico americano Philip Anderson. “Se a comprovação vier, ela será uma prova da genialidade das pessoas que criaram a teoria”, diz Sérgio Novaes.
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