São Paulo – Em 13 de setembro de 1931, o jornal americano The New York Times completou 80 anos de existência. Para comemorar o aniversário, o jornal convocou algumas das principais personalidades da época para uma difícil missão: escrever artigos com previsões sobre como seria o mundo nos 80 próximos anos. Ou seja, como seria o futuro da humanidade em 2011.
Nomes como Henry Ford, que revolucionou a indústria automobilística, Robert Millikan, físico conhecido por determinar a carga do elétron, e outros, participaram do exercício de futurologia.
Os artigos renderam previsões como as de William Ogburn, sociólogo americano que dizia: “em 2011, a mágica do controle remoto será algo banal”, e “daqui a 80 anos as pessoas serão mais nervosas, e as desordens mentais vão aumentar”. Qualquer semelhança é mera coincidência.
Por outro lado, o próprio Ogburn escreveu: “a pobreza será eliminada e a fome, como força motriz das revoluções, não será mais um perigo”. Veja nas fotos ao lado cinco previsões para 2011 feitas em 1931 por grandes personalidades.
Henry Ford, empresário norte-americano que, ao fundar a Ford Motors revolucionou a indústria automobilística, foi um dos articulistas na edição dos 80 anos do NYT. Ele escreveu que o progresso mais significativo da humanidade até 2011 seria “perceber que não tivermos tanto progresso quanto o barulho do nosso tempo sugeria que faríamos.”
“Não que o futuro não prometa muitas coisas. Pelo contrário, promete tantas que o presente se torna monótono na comparação. Mas temos que entrar no futuro por uma antessala, um caminho de autoanálise, e com certa penitência por nossa estupidez passada.”
Ford achava que, neste ano, os homens falariam menos sobre consciência social e mostrariam mais evidências de ter realmente feito as tais coisas sobre as quais falavam. “O único lucro da vida é a própria vida. E eu acredito que, nos próximos 80 anos, teremos mais sucesso em propagar este lucro”.
O sociólogo norte-americano William Ogburn escreveu, em 1931, que 80 anos depois, a “mágica do controle remoto” seria considerada “lugar comum”. “O servo mais versátil da humanidade será o tubo de elétrons”, disse, referindo-se à televisão.
Ele fez previsões sobre o desenvolvimento social fundamentado na tecnologia. “As invenções para transporte e comunicação vão amenizar as diferenças regionais e nos nivelar. O progresso tecnológico inevitável e a abundância de recursos naturais vão garantir padrões de vida mais elevados. A pobreza será eliminada e a fome, como uma força motriz de revoluções, não será mais um perigo.”
Ogburn escreveu ainda sobre a sociedade. Ele via a família como algo que não pode ser destruído, mas apostava que esta instituição seria “menos estável” no futuro. “A taxa de divórcios será bem maior do que a de agora. A vida das mulheres será mais como a dos homens, elas vão passar mais tempo fora de casa.”
Sobre o ritmo de vida, Ogburn escreveu: “as pessoas serão mais nervosas e os distúrbios mentais aumentarão por um tempo, mas em 2011, os médicos provavelmente terão o controle da situação”.
O físico norte-americano Arthur Compton, ganhador do prêmio Nobel, foi outro a colaborar com um artigo para a edição de 80 anos do NYT. Ele escreveu também sobre o que julgava ser um fenômeno de integração mundial. “A comunicação impressa, verbal e pela televisão será muito mais comum do que é hoje, de modo que o mundo todo será como uma grande vizinhança”.
“A melhoria nas comunicações, as fronteiras nacionais perderão gradualmente sua importância. Porém, por causa das diferenças raciais, não podemos esperar uma união mundial daqui a 80 anos. Os melhores ajustes que podemos esperar para esta mudança certa é que haja uniões voluntárias de nações vizinhas sob um governo centralizado, ou de proporções continentais”, escreveu.
O físico sérvio Michael Pupin, especialista em comunicações elétricas foi outro a escrever para o New York Times sobre como o mundo seria em 2011. De acordo com o cientista, um dos grandes defeitos da humanidade em sua época era “a falta de sabedoria para distribuir de forma equitativa a riqueza criada”.
Com base nesta análise e em sua visão de mundo, ele afirmou: “pode-se profetizar seguramente que, durante os próximos 80 anos, esta civilização vai corrigir esta deficiência criando uma democracia industrial que garantirá aos trabalhadores uma parcela justa da riqueza produzida por seu trabalho”.
Robert Milikan, físico norte-americano ganhador do prêmio Nobel e conhecido por determinar a carga do elétron, escreveu em artigo para o NYT que não apostava em muitas mudanças no mundo dos físicos.
Para ele, as maiores mudanças entre as ciências naturais aconteceriam mais provavelmente no campo da biologia. “Além disso, é quase certo que haverá um espalhamento do método científico que tanto significou para nós, físicos, para solucionar nossos problemas sociais”.
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